quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

rasgando seda atrasada

/cry
foi tachada de tudo. o "rei" do brasil disse que era x9, dedo-duro, fofoqueira. respondeu à altura. falaram do bigode: nada melhor para realçar o estereótipo da masculina do que insistir no que poderia ser um desleixo ou uma afirmação de masculinidade. pensou em fazer o que eu acho mais arriscado, ainda que mais correto, dentro de um reality show: jogar com o que sente. e foi, para mim, muito mais "homem" do que marcelo dourado. no melhor sentido que a palavra "homem" pode ter, machismos, machorrices e desejos de quebrar dedos à parte.
foi parte até mesmo de uma novela armada em que nem pedro bial se eximiu de tentar arrumar rusgas em uma amizade: o caso da paixão pela cacau. manteve-se, ali, firme, com uma mulher que potencialmente amaria e que namora um homem que potencialmente é gay e não sabe.
saiu chorando e falou com uma verdade sobre sua postura e sobre como boa parte daquela casa não percebe que é pivô de jogo de uma pessoa que já entrou com a vantagem da participação em outra casa e que não tem paúra de reafirmar preconceitos tão bestas quanto o de que heteros não pegam aids ou o de que dois homens se beijando são motivo de nojo.
talvez tenha errado em dizer que a única coisa que dourado tinha a mais do que ela eram os músculos. a maldade e o poder de manipulação dos que estão dentro e da mentalidade retrógrada da opinião pública fazem todo o diferencial necessário para se alinhar a uma galeria de grandes representantes do brasil, como bam-bam, maximize-se/minimize-se, diego alemão e dhomini. vale até usar o pai pra dizer que o filho "é acostumado a viver com gays". talvez não assumidos. as academias por aí andam cheias. ou talvez não com gays não-frágeis, ameaçados e reduzidos ao seu cantinho, como angélica não se mostrou. e pior, ainda, na cabeça de um machista: estava sendo contestado por uma mulher, de igual para igual.
angélica terminou de ganhar meu coração e sepultou esse papo da rivalidade gay-hetero, para mim, quando se posicionou a respeito de uma pessoa como sérgiorgastic. o ponto todo da discussão, até o presente momento, estava sendo posto, pela maioria das pessoas, entre homofobia e heterofobia. e eis que ela, sobre quem bial chegou a dizer que tinha um "xodó" por sérgio, ao ponto de querer sua companhia na hora mais difícil da privação, depois de ver toda a vingança que vinha se armando por um sérgio repetidor das palavras do mesmo fulano que teve nojo dele à mesa, um sérgio que cede quando instado por uma autoritária como lia a "se posicionar", solta a seguinte frase: "entramos na mesma sintonia por termos a mesma opção sexual, mas isso não significa nada. existem gays com e sem caráter."
muito menos do que gênero, a questão que me preocupa é a maneira como o brasil assinou embaixo de posturas autoritárias e dissimuladas.
restam as cenas dos próximos capítulos. dourado já estica os tentáculos para cacau.
e pra angélica, que ganhou meu coração de vez ontem no depoimento de saída (juro que quase chorei), um beijo grande. se é que um dia ela vai ler isso.

Um comentário:

assuncion disse...

Quando o BBB começou eu senti um frio na espinha porque eu já previa essa briga homo-hetero, acho até que demorou pra acontecer, principalmente depois do programa dividir as pessoas em tribos. Foi quase uma decisão declarada de colocar uns contra os outros! Mas é isso que o povo quer, não é? ver o circo pegar fogo. O único problema é que as pessoas ficam com uma imagem de tudo errada, pode ser pelo velho problema de edição? Não sei ... Pode ser por causa de uma emissora que sempre faz o gay se tornar hétero nas novelas? Também não sei ... Só sei que ter o poder de votar nessa briga homo x hetero não cabe pra uma população onde a maioria acha que héteros não contraem Aids e ainda tem nojo de ver dois homens se beijando.

adorei o blog!

beijos